Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
***
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
***
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
***
Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
***
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
***
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
***
Traduzir uma parte
na outra parte
que é uma questão
de vida ou morte
será arte?
Ferreira Gullar
Que lindo *-*
ResponderExcluirmais uma amostra da complexidade do ser...
ResponderExcluirmas o complexo pode ser ao mesmo tempo simples...
ser simplesmente ser...
bjaum amorrr. adorei o post
pensei que voce tivesse escrito! pooooo
ResponderExcluirmas é legal esse poema, foge do tradicional :)
Ferreira Gullar é baguá, curto mutcho o "Como dois e dois são quatro, sei q a vida vale a pena..." q foi a primeira poesia que guardei na vida, ainda nos idos de meu remoto segundo grau...
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