terça-feira, 2 de junho de 2009

Era um sonho

Um sonho. Era somente um sonho. E ela acordou com a mesma angústia, as mesmas lágrimas. A vida que se repetia todas as noites para ela, a vida perfeita, era apenas um sonho, mais uma vez.
Ela chora, porém o grito ardente fica preso em sua garganta, sufocado. Não lhe é permitido gritar. Lágrimas silenciosas e ácidas são a única forma de esconder do mundo as emoções que não consegue controlar.
Mais um dia começa. Chuva. Chuva quente. Falta de ar... Ah! como ela queria não ter acordado! A vida real é seu pesadelo particular. É andar, andar e não se mover. O tempo passa e ela também, só passa.
Ela é a lagarta e o casulo não abre. Suas asas a escondem do mundo, não consegue voar. As asas a escondem de si mesma.
E ela se recompõe, veste a máscara e se finge de abelha. Trabalha. Tenta apagar a imagem da perfeição, esquecer seus sonhos, não viver mais deles. Impossível.
É noite. E ela sonha.
No sonho, o vento gelado bate em seus olhos. Ela sorri. Música. Ela voa.
Mas é sonho, e ela chora.