domingo, 26 de junho de 2011

Incompreensível

A chuva é fria e desajeitada
como um beijo no rosto e um sorriso enrubescido
Ela abafa o som dos passos apressados em direção às dúvidas
dúvidas essas que o coração palpita e grita em busca das respostas
O vento frio se encontra com a pele quente de adrenalina.
Um choque, dos primeiros.
O caminho é longo e a chuva continua desajeitada,
e ela anda e voa e corre
e por tras dos gritos de seu coração ela distingue a dúvida
que se torna medo e algo mais, que não sabe explicar ainda.
A chuva para, e ela percebe que a desajeitada é ela própria, Oh! pobre chuva...
E ela chega, quente da luta com o vento
a dúvida ainda a segurar sua mão, mostrando firmeza, mas só isso
A conversa, pobre, também se desajeita, e o toque, o beijo
todos se atrapalham, se interrogam...
E a adrenalina que esquenta seu corpo agora
leva o choque frio das palavras gélidas
E a dúvida a abraça agora, alimentada do frio
é dúvida... e tristeza? Ou mera decepção...
Mas as palavras gélidas são seguidas de carinhos frios e sorrisos de gelo.
Raiva, ira
Perguntas agora estão em segundo plano, enroscadas em irritação
lutando para não sair, são perguntas engolidas,
afinal... quem são elas para se fazerem existir?
Ela, desajeitada e trêmula, busca esquentar-se com a adrenalina que ainda lhe sobra
tenta esquentar as palavras frias da dúvida maior
Mas essa não parece consciente, ou não se importa
continuará, então, incompreensível...

Kelly Nery